sexta-feira, dezembro 21, 2007

Raúl Seixas e a CPMF

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” cantava Raulzito no país do futuro (MEU DEUS!!!). O que me faz recordar a música citada foi à cena onde o senhor Artur Virgílio, líder do PSDB, que criou a CPMF no governo tucano, berrar a plenos pulmões contra sua prorrogação e, Paulo Paim, do PT, que foi contra a CPMF, gritar enfurecidamente a favor da mesma. Mas de nada adiantou e a CPMF caiu.

Caiu na semana em que o nosso czar da economia, sr. Guido Mantega, tinha uma entrevista publicada nas páginas amarelas da Veja dizendo que, se a CPMF fosse aprovada, o governo anunciaria no dia seguinte uma redução em etapas para até 15% da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamentos. Só que ela não foi aprovada!!!!! Ah, então ele que se auto intitula “social-desenvolvimentista”, no dia seguinte a não aprovação, sugere “criar” um imposto permanente através de medida provisória. Talvez ele quisesse dizer o oposto do que disse antes (parafraseando Raulzito para a mesma música citada), ou seja, temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, mas a CPMF não pode acabar, se acabar criamos outro tributo através de uma MP (relação com o governo FHC é mera coincidência) e a pujança dos gastos da máquina continuam como estão. Finda a votação, começa a negociação, porque soluções terão que ser pensadas e aprovadas, pois agora são R$ 40 bilhões a menos nos cofres da máquina pública, logo, Quais as possibilidades do governo e as expectativas do mercado com relação a 2008?

Uma primeira opção do governo seria propor cortes de despesas. O problema é que nesse caso, o principal prejudicado deverá a Saúde, que previa transferência de R$ 24 bi em quatro anos, ou seja, a possibilidade de revisão com a forma e a eficácia de como o dinheiro público é gasto, provavelmente não será posta em pauta, assim como cortes nos gastos com o próprio sistema também não deve ser cogitado. O que é fato é que o governo não sabe cortar gastos, ele sabe cortar investimentos, porém, ele corta investimentos que ainda não fez, somente previu, e que provavelmente, não iria cumprir, ou seja, ele vai cortar na previsão, prevendo então um número menor, e provavelmente vai cortar na execução do previsto, como já é de costume.

Uma segunda opção seria votar numa reforma tributária, só que reforma tributária, deveria significar cortes de receitas, porém Mantega (o cepalino) já retirou a proposta de reforma tributária do Senado, e vai refazer para conseguir diminuir o impacto do corte da CPMF - propondo a criação de outro imposto.

A terceira opção, a mais dura e complexa com relação ao mercado seria a manutenção ou até mesmo um aumento da SELIC para financiar este déficit da receita, o que reflete no desempenho dos contratos fechados com perspectivas de fluxos futuros mais baixos na BMF, por exemplo, isso sem contar o reflexo direto que a taxa Selic tem em relação ao custo de investimento no país, impossibilitando maiores investimentos na produção e desenvolvimento nacional.

Como pregou ou “pragou” o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), em tom de premonição, aqueles que votariam contra CPMF “Vão juntinhos para o inferno”, é, pelo andar da carruagem, não só eles senador!!!!!

Claudino Velloso Borges e Rodrigo Carlos Barbosa

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Democracia Tupiniquim

Em uma aberração legislativa, Câmara Municipal de São Paulo amplia e desaprova no mesmo dia a lei do rodízio, em um acordo entre a prefeitura e a capital, para aprovar em seis horas, 96 projetos. Deu pra entender? 96 projetos em 6 horas de trabalho!!!! Quantos desses projetos será que eles leram? Eles não votam isso em um mês!!! Alguns dias depois, descobrimos que eles criaram um método para se livrar do rodízio, que eles mesmos criaram, com a prerrogativa de que não se pode cercear o direito de ir e vir dos vereadores da maior cidade do Brasil, se esquecendo de um pequeno detalhe, eles cercearam o direito de ir e vir de toda a população de São Paulo, isso sem contar as externalidades.
A discussão sobre a constitucionalidade, funcionalidade ou a defesa ou não do rodízio, não é, definitivamente, o foco deste texto, mas sim a pergunta, quem eles estão representando? Votamos em vereadores, senadores, deputados, prefeitos, presidente, etc, etc e etc, pra que? Pra nos representarem? Mas quem de nós se sente representado por este bando de sanguessuga?
A função desses cargos é o de votar de maneira democrática, de forma representativa, a vontade e os direitos dos cidadãos. Porém vemos por este “acordão” entre a prefeitura e a Câmara, onde passaram 96 projetos não lidos e não discutidos, que eles estão lá pra representar seus próprios direitos e interesses, e os brasileiros que se danem...
O mais cômico é ver nossos parlamentares, que não aprovam a entrada da Venezuela no Mercosul (não que eu seja a favor) porque ela não apresenta uma administração democrática, ou seja, é o sujo, falando do mal lavado!!! Quem é mesmo o Brasil pra falar de democracia???
Claudino Velloso Borges