terça-feira, fevereiro 26, 2008

Brasil credor externamente, mas, e internamente???

No dia 21 de fevereiro de 2008, o Banco Central divulgou a nova situação macroeconômica internacional do Brasil, em que passamos de devedores, para credores internacionais, sendo este, segundo Paulo Valle (Secretário-adjunto do Tesouro Nacional), “um marco, um símbolo forte" que vai contribuir para uma aceleração no investment grade (grau de investimento). Mantega também se pronunciou, anunciando números como o nível de reservas internacionais brasileiras, que atingiram US$ 188,5 bilhões, enquanto o total da dívida é de US$ 184 bilhões, e como Valle, disse que esta passagem do Brasil, de devedor para credor no cenário internacional aproxima o país do grau de investimento (investment grade). Mas, será mesmo que merecemos um investment grade?

Para atribuir notas sobre os países, as agências de rating avaliam muito mais do que somente a posição da relação Reservas Internacionais x Dívida, mas sim outros quesitos como, risco político (Local e Regional), disparidades na distribuição de renda, eficiência do setor público, comportamento dos preços nos ciclos econômicos, independência do Banco Central, endividamento do setor público, custo dos impostos, entre outras centenas de condições, e infelizmente, eu não dormi no dia 20 de fevereiro, e acordei logo cedo no dia 21, e vi um Brasil menos desigual, com tributos mais coerentes ao retorno que temos, os políticos não deixaram de ser corruptos e votarem pastas que só interessam a si mesmos, os prefeitos e governadores do país que não se adequaram às leis de responsabilidade fiscal estão sendo punidos como deveriam ser, e a média anual (12 meses correntes) do IPC-BR (Índice de Preços do Consumidor – Brasil – Bens Comercializáveis) de jan/2008 não está 12 vezes maior do que o de jan/2007.

Podemos avaliar o mérito de o Brasil receber um investment grade em dois âmbitos, o político e o econômico. No âmbito econômico, o Brasil até merece, pois a política econômica tem sido gerida de maneira responsável, seguindo o modelo adotado em 1994, mas no âmbito político e nas suas externalidades, o Brasil ainda tem muito trabalho pra fazer e, talvez, este ainda não seja o momento...

Claudino Velloso Borges

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Fica o Mito!!!

E Fidel não é mais o comandante de Cuba. Renunciou com um artigo no jornal oficial do governo cubano Granma (nome do iate que levou os revolucionários à Cuba em 1956 para levar adiante a Revolução Cubana). Lá ele cita também trechos de correspondência que enviou ao amigo jornalista - Randy Alonso, diretor do programa 'Mesa Redonda' da televisão nacional. Fica o mito! Alguns órgãos de imprensa e países como EUA e França anunciam que a renúncia simboliza o fim de uma era e uma transição para a democracia. Tenho lá minhas dúvidas!!! Tudo que for dito agora será mera especulação (nome bonito para “chute”, “palpite”, etc.). O que virá daqui para frente é uma incógnita. Mas algumas perguntas devem ser feitas, as quais: Transição para uma democracia? Que, com Fidel vivo, será difícil essa transição. Liberalização econômica? Uma pauta do governo do irmão Raul, como simplificar os trâmites migratórios e até liberar o mercado imobiliário e de automóveis e como o próprio Raul discursou em dez/2007, pretende acabar com um "excesso de proibições". Só que esta liberalização econômica mais abrangente, novamente, será difícil com Fidel por trás como mentor intelectual. Embargo americano então, nem se fala, isso os EUA já anunciaram que não repensarão nada referente mesmo com a renúncia de Fidel, em outras palavras, só depois que Fidelzito “abotoar o paletó de madeira”, que os próprios falcões da Casa Branca idealizam desde a Revolução de 1959. Ou seja, com Fidel vivo, mesmo sem condições físicas, continuará a dar as cartas do jogo, menos do que quando era o Comandante da Revolução, mas agora como, nas próprias palavras de Fidel no artigo da renúncia, como um “soldado das idéias” onde “Será mais uma arma do arsenal com o qual se poderá contar”. Alguém aí falou em Democracia? Rodrigo Carlos Barbosa