segunda-feira, agosto 06, 2007

Solução em energia

Na semana passada a EPE divulgou dados nacionais de maio, que demonstraram que os brasileiros estão consumindo 5,9% a mais de energia, em relação ao mesmo mês de 2006. Em 12 meses o consumo cresceu 5,2%, sendo São Paulo, o maior consumidor (30% da energia nacional). Esse aumento, por um lado, são reflexos do – e condição para – crescimento do país, o que é bom; porém é necessário verificar seu uso, desperdício e limite de fornecimento de energia. Algumas empresas, como por exemplo, a Vale do Rio Doce, já divulgaram que estão limitando seus investimentos no país, devido à impossibilidade do país de fornecer energia para suprir o consumo necessário para tais investimentos. Sempre quando surgem dados alarmantes sobre consumo e fornecimento de energia, volta-se a discussão sobre o aumento da utilização da energia nuclear, como solução a curto e médio prazo para o problema do país, o que leva-nos a deparar com alguns dados referentes à produção de tal energia: - Custo de Construção da Angra 2 = R$ 10 bi, sendo R$ 7 bi de juros; - Dentre as alternativas para geração de energia em larga escala, a opção nuclear é a de maior custo por causa dos investimentos em segurança dos sistemas de emergência, do armazenamento de resíduos radioativos e do descomissionamento (desmontagem definitiva e descontaminação das instalações) de usinas que atingiram suas vidas úteis; - Apenas 25% do potencial hidroelétrico do país é utilizada (segundo a Coordenadoria dos Projetos de Pós-graduação em Energia da UFRJ); - Em Angra 2, para cada quilowatt gerado, são investidos US$6 mil, enquanto numa hidrelétrica essa relação é de US$100/kW. A energia gerada pela Angra 2, tem um custo de R$ 45,00 por MW/h em contraposição aos R$ 35,00 por MW/h da energia fornecida por uma hidrelétrica; - Ainda não há, no Brasil, um lugar escolhido para o depósito definitivo do lixo nuclear, ficando o lixo de Angra em depósitos intermediários. O projeto que define normas para a construção de locais definitivos de armazenamento de lixo nuclear já foi aprovado pelo Congresso, estando em tramitação no Senado (até quando?!?!?!); - Acidentes como o de Tokaimura demonstram que o risco de acidentes ainda é um fantasma que continua rondando esta alternativa em energia; - A Alemanha (que é quem nos fornece a tecnologia) decidiu que não serão instalados novos reatores e que os reatores em funcionamento serão desativados após completada a sua vida útil (32 anos neste caso). A Turquia também abandonou o projeto de construir sua primeira usina nuclear. No sentido oposto, o Brasil reacende seu objetivo de construir usinas nucleares; Em contrapartida: - A exploração do potencial hidroelétrico apresenta inúmeros inconvenientes, como o alto custo de transmissão da energia (porém ainda mais baixo do que o da produção nuclear) e o prejuízo ambiental que acarretará, como o já conhecido impacto sofrido pela população e pelo ambiente nas regiões inundadas. O que é preciso na realidade, é copiar modelos que funcionam, como o dos Estados Unidos, que têm uma estrutura de integração elétrica, onde uma região compra a energia sobressalente de outra determinada região, e esta energia é transmitida via cabos e em questão de segundos, esta energia já está acumulada na compradora. Isso porque temos recursos hídricos fora da área de maior consumo, por exemplo, a maior parte deles concentra-se na região Norte/Amazônia (70%) e Centro Oeste (15%). O problema do Brasil é que enquanto problemas como o energético, ou de tráfego aéreo, que precisam de soluções rápidas e duradouras, sejam resolvidos, o congresso se preocupa com a criação de mais 8 estados e 4 territórios federais, acrescentando na conta do estado mais (aproximadamente) 150 parlamentares. Será que algum cidadão brasileiro (exceto os próprios parlamentares ou aspirantes a parlamentar) acha necessária a criação de tais estados e territórios? Será que alguma empresa ou cidadão acha necessária a criação de mais 150 cargos parlamentares mais importantes do que a solução energética, ou aérea, ou qualquer outro assunto? Claudino V Borges

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