quarta-feira, setembro 05, 2007

Inflação = Crescimento????

“A discussão recente sobre o aumento da meta de inflação para o ano que vem é surrealista. Tudo se passa como se os parentes de um ex-alcoólatra estivessem deliberando que uma tacinha de vinho, quem sabe duas, não faria mal nenhum. Essa gente não entende a tragédia do alcoolismo, ou do inflacionismo, e a importância da abstinência. Para entender, talvez seja bom recordar apensar um único número: 20.759.903.275.651%. São vinte trilhões (!!!), setecentos e cinqüenta e nove bilhões, novecentos e três milhões, duzentos e setenta e cinco mil e seiscentos e cinqüenta e um por cento de inflação acumulada entre abril de 1980 e maio de 1995.”. Estas foram as palavras de Gustavo Franco, em 28/04/04, em uma coluna para a Veja. A discussão sobre o cumprimento da meta de inflação de 2008 veio a tona e alguns analistas já se preocupam com o cumprimento desta meta. Independentemente de que se vamos conseguir cumprir a meta ou não, o que me põem medo é ver o simples aumento da inflação dos últimos meses. A variação mensal do IGPM/2007 saiu de 0,043% de março a abril, e abril a maio, para 0,26% de maio a junho, 0,28% de junho a julho, e 0,984% de julho a agosto. Será que temos realmente com o que nos preocuparmos? Vamos então à discussão. São dados que confirmam que altas taxas de inflação estão diretamente relacionadas à altas taxas de crescimento, e o que o Brasil precisa hoje é crescer. A Argentina cresceu 9% em 2006, com uma inflação de 9,8%. Portanto a inflação seria uma boa saída pro Brasil? Definitivamente não. O que a inflação permite é um financiamento canibal de um crescimento de produção que não se sustenta, explico: Vamos dividir a economia em Bancos, empresas e consumidores e ver a quem interessa a inflação. Os Bancos emprestam, por exemplo, 100, com taxa de juros de 10% = 110, porém a inflação é de 20%, ou seja, ele emprestou 100 e tira 90 (conta de padaria), ou seja, aos Bancos NÃO INTERESSAM. E às empresas? Elas compram matéria prima hoje, pra pagar em 1, 2 ou 3 meses, e quando eles vão pagar, está mais barato do que quando comprou. Ele produz e na hora que vende, seu preço é corrigido pela inflação, portanto, vende mais caro, e ele pega o valor recebido e já transforma em produto, defendendo seu capital em produto (capaz de valorizar), aumentando a produção. Os salários ficam cada vez mais baixos, ou seja, seus custos caem, então PARA OS EMPRESÁRIOS INTERESSAM. E para a população? Ela ganha 100 hoje, amanha ta valendo 70, ou eles compram tudo rápido, ou perdem tudo. Ou seja, NÃO INTERESSA. O que acontece na inflação é que a atividade econômica aumenta, pois os consumidores têm que comprar o mais rápido o possível, e as empresas se aproveitam para defender seu capital e produzirem mais, portanto a inflação funciona como um financiamento para as empresas que crescem mais, vendem mais e elevam o crescimento do país. Porém é um crescimento financiado às custas dos trabalhadores, que faz aumentar a concentração de renda e desigualdade social. Sem contar que a partir do momento que os agentes econômicos se acostumam com a inflação, os contratos e os preços já são calculados baseados na variação da inflação, perdendo então a sua finalidade. O melhor a um ex-alcoólatra, é ficar longe da bebiba!!! Claudino V Borges

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